10/31/2023

Confira as principais apostas para os temas da redação do Enem

Logo Agência Brasil

Temas ligados ao meio ambiente, saúde, tecnologia e inteligência artificial são algumas das apostas de professores para a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicada no próximo sábado (5). Além de conhecer as exigências sobre a estrutura do texto, os alunos devem estar bem informados sobre os principais acontecimentos no Brasil.

O eixo do meio ambiente é uma das principais apostas da professora de redação Roberta Panza, da plataforma de estudos Descomplica. “É um tema muito atual e, de uns anos para cá, a discussão sobre o clima tem sido cada vez mais presente”, diz. Nesse eixo, podem ser abordados temas como aquecimento global e mudanças climáticas, educação ambiental e crise climática, hídrica e energética. 

Notícias relacionadas:

Os impactos das mudanças climáticas também estão entre as apostas da professora de língua portuguesa e redação do colégio Mopi Tatiana Nunes Camara. “A consciência dos cidadãos, no que diz respeito a como manter equilibrado o meio ambiente, é o ponto de partida para que os impactos negativos sejam minimizados”, afirma Tatiana. Questões sobre insegurança hídrica, desmatamento e mudanças climáticas também são citadas pela professora Mariana Bravo, do Ateliê da Redação.

A inteligência artificial é outro tema que pode ser abordado no tema da redação, na avaliação da professora Tatiana, por ser um assunto em voga na contemporaneidade. “Há segmentos da sociedade que rechaçam os recursos criados a partir da inteligência artificial, enquanto há muitas pessoas que [a] veem como uma grande oportunidade de evolução em vários setores da sociedade, inclusive provocando impactos profundos na educação brasileira”, diz a professora, lembrando também a abordagem da exclusão digital. Para a professora Roberta, o Enem pode trazer o tema da inteligência artificial e as mudanças que o recurso pode gerar no mercado de trabalho, especialmente para a juventude. 

Na saúde, é possível que apareçam temas como obesidade, sedentarismo e os hábitos de vida que levam a doenças, acrescenta Roberta. Para a professora Mariana, o tema pode vir abordando o uso de “drogas da inteligência” para melhorar a performance cerebral de estudantes e trabalhadores sem que haja diagnóstico, fenômeno chamado de “doping cognitivo” ou “psiquiatria cosmética”. A eficiência da vacinação, a importância do SUS (Sistema Único de Saúde), o combate às infecções sexualmente transmissíveis e os transplantes no Brasil são temas citados pela professora de redação do Cursinho CPV Isabela Arraes.

Entre os temas ligados à educação, as mudanças no ensino médio, a alfabetização e a evasão escolar no contexto da pós-pandemia de covid-19 são possibilidades de abordagem, segundo a professora Roberta. Outra abordagem possível é a importância da educação de jovens e adultos. “A formação escolar é importante, principalmente, em um país como o Brasil, no qual as desigualdades sociais são tão latentes”, diz Tatiana.

Outras possibilidades de assuntos para a redação do Enem deste ano são: fake news, bullying e violência nas escolas, segurança pública, violência policial, combate à fome no país e insegurança alimentar, questão habitacional no Brasil, pessoas em situação de rua, trabalho análogo à escravidão, etarismo, idosos e mães “solo”. 

O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Foco na estrutura

Se, por um lado, muitos professores gostam de trabalhar vários temas possíveis para a redação com os alunos, outros defendem que saber o tema com antecedência não é tão importante para o desempenho do aluno. “Meu conselho para a redação é não se preocupar com o tema. O tema que vier, vamos fazer o básico para garantir uma nota alta, e se vier um tema que ele domina melhor, ainda consegue firular para garantir a nota mil”, diz a professora Carol Mendonça, do canal Português para Desesperados. 

Segundo Carol, é importante credibilizar os argumentos apresentados com alguma associação artística, estatística, resultado de pesquisa, retomada histórica ou com a fala de um especialista, por exemplo. “Sempre tentar sair do campo da opinião para o campo do fato. Independentemente do que você pensa, vai colocar o que pode ser provado”, aconselha a professora.  

Para o professor Luis Junqueira, cofundador da plataforma de letramento Letrus, o mais importante é seguir a estrutura da redação, fazendo uma contextualização geral, definindo a tese, e apresentando uma proposta de intervenção social. Segundo ele, os textos de apoio e as informações que estão na prova já são suficientes para dar uma base para o aluno sobre o assunto. 

 

“Se você tem insegurança com o tema que caiu na prova, você pode traduzir as informações do infográfico. O texto vai ter que ter uma tese, um contexto e uma orientação para a proposta de intervenção social. Independente do tema, a estrutura da redação é a mesma, concentre-se nessa estrutura”, diz o professor.   

 

Na redação do Enem, os candidatos deverão fazer um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política, defendendo um ponto de vista (uma opinião a respeito do tema proposto), apoiado em argumentos consistentes, estruturados com coerência e coesão. Também deve ser elaborada uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos.


10/30/2023

Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 9

Logo Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal paga nesta segunda-feira (30) a parcela de outubro do novo Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 9. Neste mês, o benefício terá um adicional para mães de bebês de até seis meses de idade.

Chamado de Benefício Variável Familiar Nutriz, o adicional corresponde a seis parcelas de R$ 50 para garantir a alimentação da criança. Com o novo acréscimo, que destinará R$ 14 milhões a 287 mil mães neste mês, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome informa que está concluída a implementação do novo Bolsa Família.

Notícias relacionadas:

Além do novo adicional, o Bolsa Família paga um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a famílias com crianças de até 6 anos.

O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 688,97. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 21,45 milhões de famílias, com gasto de R$ 14,67 bilhões.

Desde julho, passa a valer a integração dos dados do Bolsa Família com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Com base no cruzamento de informações, 297,4 mil famílias foram canceladas do programa neste mês por terem renda acima das regras estabelecidas pelo Bolsa Família. O CNIS conta com mais de 80 bilhões de registros administrativos referentes a renda, vínculos de emprego formal e benefícios previdenciários e assistenciais pagos pelo INSS.

Em compensação, outras 241,7 mil famílias foram incluídas no programa em outubro. A inclusão foi possível por causa da política de busca ativa, baseada na reestruturação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e que se concentra nas pessoas mais vulneráveis que têm direito ao complemento de renda, mas não recebem o benefício. Desde março, 2,39 milhões de famílias passaram a fazer parte do Bolsa Família.

Regra de proteção

Cerca de 1,97 milhão de famílias estão na regra de proteção em outubro. Em vigor desde junho, essa norma permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até dois anos, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 374,80.

Parcelas desbloqueadas

Neste mês, o programa tem outra novidade. Famílias com parcelas desbloqueadas não precisam mais ir a uma agência para sacar os valores acumulados. Eles passam a ser creditados automaticamente na conta bancária do beneficiário.

Com a medida, serão liberadas 700 mil parcelas retroativas neste mês, resultando em cerca de R$ 278 milhões desbloqueados. Os beneficiários conseguem visualizar a informação da liberação do valor por meio dos aplicativos do Bolsa Família e Caixa Tem.

Reestruturação

Desde o início do ano, o programa social voltou a chamar-se Bolsa Família. O valor mínimo de R$ 600 foi garantido após a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que permitiu o gasto de até R$ 145 bilhões fora do teto de gastos neste ano, dos quais R$ 70 bilhões estão destinados a custear o benefício.

O pagamento do adicional de R$ 150 começou em março, após o governo fazer um pente-fino no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), para eliminar fraudes.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

Calendário do Bolsa Família
Calendário do Bolsa Família - Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Auxílio Gás

O Auxílio Gás também será pago nesta segunda-feira às famílias cadastradas no CadÚnico, com NIS final 9. O valor caiu para R$ 106, por causa das reduções recentes no preço do botijão.

Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia cerca de 5,3 milhões de famílias. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição e da medida provisória do Novo Bolsa Família, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg até o fim do ano.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.


SP: peritos encontram pouca comida e casos de gangrena em presídios

Logo Agência Brasil

Peritos do Mecanismo Nacional de Combate à Tortura (MNPCT) constataram violações aos direitos humanos em penitenciárias do estado de São Paulo. O órgão realizou vistorias surpresa durante o mês de outubro em cinco penitenciárias, dois centros de atendimento ao adolescente, um centro de detenção provisória (CDP), e um serviço de cuidados prolongados em álcool e drogas do estado.

O documento foi apresentado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na última sexta-feira (27). O relatório completo deverá ser publicado daqui a dois ou três meses.

Notícias relacionadas:

Entre os principais problemas encontrados, está o fornecimento de alimentação insuficiente na penitenciária Venceslau 2, em Presidente Venceslau; e a falta de cuidados médicos. Os peritos encontraram um detento com o pé gangrenado, na penitenciária Desembargador Adriano Marrey (foto em destaque), em Guarulhos; e outro com uma infecção grave nos dedos do pé, na Penitenciária Adriano Aparecido de Pieri, em Dracena.

“Em Guarulhos há um detento com o pé que está em estágio de necrose já bastante avançado. Essa pessoa precisou amputar o dedo, já começou uma situação de amputação por causa de uma infecção e agora essa amputação estava necrosando e estava se espalhando pelo pé inteiro, com risco inclusive de septsemia e morte”, destacou a perita e coordenadora adjunta do MNPCT, Carolina Barreto Lemos.  

“Essa situação foi levada imediatamente à direção da unidade. Nós pedimos providências imediatas e estamos acompanhando esse caso com muita atenção, porque realmente é uma situação que pode levar à morte dessa pessoa simplesmente por ela não ter acessado aquilo que lhe é um direito básico”, acrescentou.

A perita ressalta ainda que há unidades prisionais onde, mesmo com a presença de médico, os detentos não são atendidos. E quando há o atendimento, é feito de forma desumanizada. “Mesmo quando há a equipe médica, não se acessa a equipe. Não basta ter médico na unidade, é preciso ter o acesso a esses profissionais", disse.

"Vimos maneiras extremamente desumanizadas desse atendimento, as pessoas ficam dentro das celas, enquanto o médico fica do lado de fora atendendo elas, sem sequer colocar a mão."

Alimentação

São Paulo-SP 29-10-23 Alimentação insuficiente na penitenciária Venceslau 2, em Presidente Venceslau (SP) Foto MNPCT
Peritos vistoriaram a penitenciária Venceslau 2, em Presidente Venceslau e constataram alimentação insuficiente - Foto MNPCT

De acordo com os peritos, foi constatado o fornecimento de alimentação precária na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira (Venceslau 2), em Presidente Venceslau. Segundo o relatório parcial, são oferecidas três refeições diárias compradas pela unidade prisional a um custo total de R$ 8. “Não tem como fazer três refeições nutritivas com R$ 8 para o dia inteiro”, destaca Lemos.

A perita ressalta que, de forma geral, nas penitenciárias vistoriadas as alimentações fornecidas são de pequena quantidade e pouquíssima variedade nutricional, com alimentos com pouco valor nutritivo.

“Os detentos são pessoas muito emagrecidas, pessoas subnutridas”.

Ela aponta ainda que o sistema de licitação no estado de São Paulo – para a compra das alimentações aos presidiários – não é o adequado.

“A gente identificou que há uma questão extremamente grave na gestão do recurso na Secretaria de Administração Penitenciária, porque cada unidade prisional é responsável por fazer a sua própria licitação. Isso é inédito, nós nunca vimos isso em outro estado do Brasil, e isso diz muito. Ou seja, são pequenas licitações feitas pelas unidades, o que vai gerar um custo mais alto e uma pior gestão desse recurso”.

Os estabelecimentos vistoriados foram:

  • Penitenciária Zwinglio Ferreira (Venceslau 1) e a Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira (Venceslau 2), em Presidente Venceslau;
  • Penitenciária Feminina de Tupi Paulista;
  • Penitenciária Adriano Aparecido de Pieri, em Dracena;
  • Penitenciária Desembargador Adriano Marrey (Guarulhos 2), em Guarulhos;
  • Centro de Detenção Provisória Feminino de Franco da Rocha;
  • Associação Assistencial Adolpho Bezerra de Menezes - unidade hospitalar, em Presidente Prudente;
  • Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente Chiquinha Gonzaga, em São Paulo;
  • Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente Casa, em São Paulo; e
  • Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e Drogas Boracea, São Paulo.

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que ainda não recebeu o relatório do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT).

“A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) esclarece que ainda não recebeu nenhum relatório do referido órgão, preliminar ou definitivo, motivo pelo qual não comentará as alegações no momento. Esta Secretaria reafirma seu compromisso com o aperfeiçoamento contínuo do sistema prisional paulista, bem como com o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa humana”.

O MNPCT faz parte do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, instituído por lei federal em 2013. O órgão é composto por 11 peritos independentes, que podem acessar as instalações de privação de liberdade, como centros de detenção, hospital psiquiátrico, abrigo de pessoa idosa, instituição socioeducativa ou centro militar de detenção disciplinar.


Estudantes nota mil dão dicas para a redação do Enem

Logo Agência Brasil

Um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Esta é a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deverá ser feita no próximo domingo (5) pelos 3,9 milhões de candidatos inscritos para as provas deste ano.

Gabaritar a redação não é tarefa simples, é preciso seguir à risca o que é exigido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mas também não é impossível. Ana Alice Azevedo, de Niterói (RJ), e Luiz Santos, de Manaus (AM), obtiveram a tão sonhada nota mil no Enem 2022. Eles contam como se prepararam para essa prova e qual foi o diferencial dos textos que escreveram e que mereceram a nota máxima.

Notícias relacionadas:

“Saí da prova sabendo que tinha feito um bom texto, que tinha feito um bom trabalho. Eu estava bem feliz com o texto que tinha feito, estava esperando um bom resultado, mas não estava esperando a nota mil. Realmente foi algo bem surpreendente”, diz Santos, que é atualmente aluno de engenharia da computação na Universidade de São Paulo (USP).

O estudante, que cursou o ensino médio na Escola IDAAM, em Manaus, não apenas fez uma boa prova, como a redação que escreveu no Enem 2022 está na Cartilha do participante, do Inep, disponibilizada para quem vai fazer o Enem 2023. A cartilha traz orientações específicas para a prova da redação.

O tema da redação em 2022 foi Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. No total, dos 2,3 milhões que fizeram a prova, apenas 32 tiraram a nota mil, segundo dados do Inep. Para falar sobre o tema, Santos citou a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), a Constituição Federal de 1988 e ainda a série Aruanas, que aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos na Amazônia.

Como solução para o problema, parte exigida pelo Inep, ele propõe que o governo federal promova o enrijecimento de punições e o fortalecimento da fiscalização das práticas ilegais nos ecossistemas e garanta a continuidade dos conhecimentos socioculturais com o incentivo à demarcação dos territórios e à atualização da legislação vigente.

Segundo Santos, conhecer e seguir as regras do exame foi um dos fatores que fez com que ele tirasse boa nota. “Acredito que meu texto tenha seguido todos os requisitos que o Inep cobra para a redação atingir a nota mil. Ter, no mínimo, duas propostas de intervenção, bem colocadas, bem desenvolvidas, explicando como vai fazer, quem vai fazer, por meio do que e com qual objetivo. Dois parágrafos de desenvolvimento, com repertório sociocultural, bem escritos e com introdução sucinta. Acredito que esse conjunto de coisas foi o diferencial da redação”, diz o estudante.

Uma redação por semana

Para a estudante Ana Alice Azevedo, ex-aluna do PB Cursos, em Niterói, o diferencial para um bom desempenho foi a prática constante. Ela escrevia uma redação por semana para se preparar para a prova. “O diferencial foi a prática constante. Como eu fazia muita redação, já sabia na hora como fazer. O tema não foi uma surpresa muito grande, já tinha feito uma redação com tema parecido [durante os estudos], sabia como prosseguir”, diz. Foram três anos de cursinho até que conseguiu a aprovação que queria, no curso de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Outro diferencial para a redação é o bom texto, o domínio da língua portuguesa. De acordo com a estudante, a prática constante também ajuda nesse quesito. Além disso, leituras e buscas por referências, tanto na literatura, quanto no cinema, na legislação. “A prática regular ajuda a ter a estrutura consolidada e regras quea  redação exige consolidadas. Além disso, a bagagem cultural, o repertório para usar no texto, acaba diferenciando a redação. Ler muitos livros e estar atualizado sobre as notícias”.

Orientações do Inep

A cartilha do participante traz mais detalhes de como deve ser a estrutura da redação, além dos exemplos comentados de redações que obtiveram a nota máxima. “Com base na situação-problema, você deverá expressar sua opinião, ou seja, apresentar um ponto de vista. Para isso, inicie o texto apresentando seu ponto de vista, desenvolva justificativas para comprovar esse ponto de vista e elabore conclusão que dê um fechamento à discussão proposta no texto, compondo o processo argumentativo”, explica.

Outra orientação do Inep é ler atentamente o que a prova está pedindo. “Para alcançar bom desempenho na prova de redação do Enem, você deve, antes de escrever seu texto, fazer uma leitura cuidadosa da proposta apresentada, dos textos motivadores e das instruções, a fim de que possa compreender perfeitamente o que está sendo solicitado”, diz a cartilha. A prova de redação do Enem conta com textos que contextualizam o assunto sobre o qual se deve escrever. Os textos, no entanto, devem apenas servir de apoio. Caso o participante copie esses textos, ele poderá zerar a redação.

Segundo o Inep, o texto deve estar estruturado da seguinte forma:

• apresentação clara do ponto de vista e seleção dos argumentos que o sustentam;

• encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repetições desnecessárias ou saltos temáticos (mudanças abruptas sobre o que está sendo discutido);

• desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação, explicação ou exemplificação de informações, fatos e opiniões, de modo a justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido.

Ao final, estudante deve apresentar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Ao elaborar a proposta, o Inep propõe que as seguintes questões sejam respondidas:

1. O que é possível apresentar como solução para o problema?

2. Quem deve executá-la?

3. Como viabilizar essa solução?

4. Qual efeito ela pode alcançar?

5. Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?

Enem 2023

O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia, além da redação, os participantes responderão questões objetivas de linguagens e de ciências humanas. No segundo dia de prova resolverão questões objetivas, de matemática e ciências da natureza.

As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), além de vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep. 


10/29/2023

Mega-Sena acumula e pode pagar R$ 105 milhões no próximo sorteio

Logo Agência Brasil

O prêmio da Mega Sena acumulou neste sábado (28) por nenhum apostador ter acertado as seis dezenas sorteadas pela Caixa Econômica Federal. O valor agora está estimado em R$ 105 milhões e novo concurso corre na quarta-feira.

Os números sorteados no sábado, no Concurso 2650, foram 09, 18, 29, 37, 39 e 58.

Notícias relacionadas:

Quem acertou cinco dezenas faturou o prêmio de R$ 44.304,85, e os apostadores que completaram a quadra ganharam R$ 1.137,96.

Fortaleza cai para a LDU e fica com o vice da Copa Sul-Americana

Logo Agência Brasil

O torcedor do Fortaleza teve adiado o sonho de comemorar um inédito título continental. Neste sábado (28), o Leão do Pici foi derrotado pela LDU, do Equador, nos pênaltis, por 4 a 3, após empate por 1 a 1 no tempo normal, na final da Copa Sul-Americana, disputada no Estádio Domingo Burgueño Miguel, em Maldonado, no Uruguai. A Rádio Nacional transmitiu o duelo ao vivo.

O Tricolor de Aço podia se tornar a quinta equipe brasileira a vencer a Sul-Americana, feito alcançado por Athletico-PR (duas vezes), São Paulo, Internacional e Chapecoense. O clube cearense igualou a melhor campanha nordestina em um torneio continental. Em 1999, o CSA foi vice-campeão da extinta Copa Conmebol. Os alagoanos perderam a decisão para o Talleres, da Argentina.

Notícias relacionadas:

Apesar do vice, a campanha é outra marca da volta por cima espetacular que o Fortaleza dá em sua história. Em 2017, o Leão do Pici celebrou o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, após oito temporadas na Série C. No ano seguinte, veio o título da segunda divisão. O time tem feito campanhas sólidas no Brasileirão, com destaque ao quarto lugar de 2021, que classificou a equipe à Libertadores pela primeira vez.

A campanha de 2023 iniciou com eliminação precoce justamente na Libertadores, ainda na fase preliminar, para o Cerro Porteño, do Paraguai. Restou a Sul-Americana ao Tricolor de Aço. A equipe cearense avançou em primeiro lugar no Grupo H, ficando à frente de San Lorenzo, da Argentina; Palestino, do Chile; e Estudiantes de Mérida, da Venezuela. Já no mata-mata, superou Libertad, do Paraguai; América-MG e Corinthians, até cair para a LDU. Os equatorianos, aliás, voltam a frustrar um time brasileiro nesta competição. Em 2009, eles conquistaram a taça em cima do Fluminense.

Sem o título, que daria vaga automática à próxima Libertadores, o Fortaleza volta às atenções ao Brasileirão. O Leão do Pici ocupa a nona posição com 42 pontos, cinco a menos que o Grêmio, sexto colocado e último time na zona de classificação à maior competição do continente. Os cearenses têm um jogo a menos. Neste momento, o Tricolor estaria com lugar na Sul-Americana de 2024.

O primeiro tempo foi de pouquíssimas emoções. Cada time finalizou somente duas vezes, nenhuma em direção à meta. Na oportunidade mais clara, aos 17 minutos, Marinho desperdiçou. O atacante fez boa jogada pela direita, mas demorou a chutar depois que entrou na área e acabou desarmado pela zaga.

A etapa final começou bem diferente, já que, aos dois minutos, o Fortaleza conseguiu abrir o placar. O meia Tomás Pochettino cruzou pela direita e o atacante Juan Martín Lucero mandou para as redes. Foi o 22º gol do argentino nesta temporada. Ele é o artilheiro tricolor em 2023. Oito minutos depois, porém, o meia Lisandro Alzugaray fez boa jogada e arrematou da meia-lua, igualando para a LDU.

O duelo transcorreu nervoso, com o Leão do Pici mais presente no ataque. O meia Yago Pikachu e o lateral Bruno Pacheco tiveram boas oportunidades, mas pararam no goleiro Alexander Dominguez. Quase nos acréscimos, foi a vez de João Ricardo salvar o Fortaleza, ao evitar uma finalização perigosa do volante Maurício Martínez, que buscava o ângulo do arqueiro.

Na prorrogação, as equipes intercalaram bons e maus momentos, mas sem criar lances de perigo. Com o placar inalterado, a decisão foi para os pênaltis. O Fortaleza começou melhor, com João Ricardo defendendo o chute de Paolo Guerrero, ex-atacante de Flamengo e Corinthians. A LDU voltou para a disputa com Domínguez salvando a batida do atacante Sílvio Romero (que entrou no lugar de Lucero).

O goleiro tricolor voltou a se destacar ao evitar o gol do atacante Alexander Alvarado, mas o Leão não aproveitou e o volante Pedro Augusto desperdiçou a cobrança seguinte, mantendo a disputa empatada. O meia Lucas Piovi anotou o quarto dos equatorianos. O zagueiro Emanuel Brítez tinha de balançar as redes para manter o Fortaleza vivo, mas o arremate foi defendido por Domínguez, para festa da torcida da LDU.


Lutando contra o rebaixamento, Vasco e Goiás se enfrentam na Serrinha

Logo Agência Brasil

Vasco e Goiás medem forças, a partir das 16h (horário de Brasília) desde domingo (29) no estádio da Serrinha, em confronto entre duas equipes que lutam para deixar a zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A Rádio Nacional transmite a partida ao vivo.

O Cruzmaltino chega ao jogo em um momento complicado na competição. Após derrotas no clássico para o Flamengo, no Maracanã, e para o Internacional, em pleno estádio de São Januário, a equipe comandada pelo técnico argentino Ramón Díaz ocupa a 18ª posição com 30 pontos.

Notícias relacionadas:

Diante de um confronto com um adversário direto na luta para fugir da zona do rebaixamento, o comandante vascaíno afirmou, em entrevista coletiva, que tranquilidade é fundamental: “Temos confrontos diretos. Com o Goiás temos que duelar [...]. Temos que manter a tranquilidade, competir, nos preparar bem rapidamente e nos recuperar rápido. É uma partida decisiva”.

Para o jogo contra o Goiás uma ausência é certa, o meio-campista Paulinho, suspenso por causa de expulsão. As principais opções de Ramón Díaz para a posição são o volante Jair e os meias Orellano e Alex Teixeira.

O Goiás também passa por um momento de turbulência. Após ser goleado por 5 a 3 pelo Fluminense, em Volta Redonda na última rodada, e empatar, na Arena Pantanal, com o Cuiabá, o Esmeraldino sabe que não pode perder a oportunidade de somar pontos em casa para deixar a incômoda 17ª posição, com 31 pontos.

Porém, mesmo com um retrospecto recente tão negativo o técnico Armando Evangelista não deixa de confiar na recuperação de sua equipe: “Até o final [do Brasileiro] serão jogos de grande importância. Teremos que ser audazes e corajosos para disputar os três pontos. Jogando em casa, temos ainda mais o sentimento de que podemos e temos que conquistar esses pontos”.

Transmissão da Rádio Nacional

A Rádio Nacional transmite Goiás e Vasco com a narração de André Luiz Mendes, comentários de Mario Silva, reportagem de Rodrigo Campos e plantão de Bruno Mendes. Você acompanha o Show de Bola Nacional aqui:


10/28/2023

Há 50 anos, a ditadura militar assassinava o estudante Zé Carlos

Logo Agência Brasil

Há exatos 50 anos, a ditadura militar assassinava José Carlos da Mata Machado, o Zé Carlos, jovem estudante de Direito que lutava contra o regime. Torturado e assassinado em Recife, seu corpo foi enviado à família, em Minas Gerais, após denúncias e repercussão do caso. Ele foi uma das poucas vítimas da ditadura que pode ser enterrada por familiares.

“Eu só me lembro da gente caminhando no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte, até a direção da cova, e um batalhão de fotógrafos nos fotografando. Pouquíssima gente foi, porque todo mundo tinha medo nessa época. Foi o período mais terrível, foi o governo Garrastazu Médici”, contou seu irmão Bernardo Mata Machado, 70 anos de idade, em entrevista à Agência Brasil.

Notícias relacionadas:

Bernardo refere-se ao irmão como “um homem com muita coragem e que tinha dois princípios básicos na vida, liberdade e igualdade”.

“É doloroso até hoje, mas ao mesmo tempo a gente tem uma admiração muito grande por ele. Então, tem um aspecto que é doloroso, mas tem outro aspecto que é glorioso”, disse.

Segundo Bernardo, o princípio liberdade se referia à luta contra uma ditadura militar e a igualdade sobre a esperança de construção de uma nova sociedade onde houvesse menos exploração.

Militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), Zé Carlos já havia sido preso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), em 1968, quando passou 8 meses nas celas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), de Belo Horizonte. O jovem chegou a ocupar a vice-presidência da UNE, após ser presidente do Centro Acadêmico do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em que ingressou em 1964 como primeiro colocado no vestibular.

O corpo chegou a ser enterrado em Recife, onde ele foi torturado e morto em 28 de outubro de 1973, no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), mas foi exumado e levado a Belo Horizonte, devido ao esforço da família e da advogada Mércia Albuquerque Ferreira, que já morreu, mas registrou em diário detalhes da exumação que acompanhou na época.

“Meu pai foi jornalista na juventude, professor de Direito; meu pai pegou o telefone e denunciou internacionalmente a morte dele aos jornais Washington Post, New York Times, e o senador Edward Kennedy denunciou na tribuna do Senado dos Estados Unidos as torturas no Brasil, e aí os militares não tiveram como não nos entregar o corpo dele”, relata a advogada no diário.

O pai de Zé Carlos era Edgar Godoy da Mata Machado, deputado federal cassado na ditadura e senador na década de 1990.

Bernardo lembra que o corpo veio de Recife de avião, com autorização das Forças Armadas, em caixão lacrado, com proibição de abrir o caixão pelos militares. O enterro na capital mineira ocorreu em 15 de novembro. Após ter contato com os relatos da advogada Mércia, que teve os seus diários publicados, e que traziam informações sobre a exumação do corpo de Zé Carlos, o irmão compreendeu a determinação dos militares.

“Depois dessa luta para conseguir, exumou o corpo, e a descrição que ela faz do corpo eu não vou ler para você porque é insuportável de ouvir, mas ela usou um termo que já basta: o corpo era um verdadeiro patê, estava escalpelado. Ou seja, eles tentaram esconder a identidade dele, além de torturado, arrebentaram com o corpo dele, com todos os dentes. Em suma, não é à toa que eles proibiram que a gente abrisse o caixão”, relatou.

Na época, os familiares souberam da morte após uma nota oficial ser transmitida na televisão. A versão oficial da ditadura militar, veiculada nos jornais da época, apontava que a morte seria resultado de um tiroteio entre colegas de militância.

“Hoje a gente já tem depoimentos de um preso político. [Zé] foi colocado na cela, com ele já quase à morte, em que ele disse as últimas palavras: eu sou Zé Carlos Mata Machado, sou militante de Ação Popular, digam aos meus companheiros que eu não falei nada. E morreu. Isso foi testemunhado”, contou seu irmão.

O término do regime militar não significou o fim das ameaças e das tentativas de golpe à democracia brasileira, segundo avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil.

“Essas tentativas de golpe [nos dias de hoje], têm se dado menos pela força bruta, pelos tanques nas ruas, do que pela manipulação de instituições, como a Justiça, por exemplo, que, em alguns momentos, acabou sendo politizada e utilizada como instrumento contra adversários”, disse do cientista político e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper Carlos Melo.

Para a coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, Gabrielle Abreu, a defesa da democracia é a defesa da cidadania plena, da participação determinante de todas as pessoas nos rumos políticos do país.

“Quando esses direitos não são garantidos, a gente vive uma democracia fragilizada, que é o atual contexto. Na verdade, o contexto de muitos anos, desde o processo de redemocratização do país, em que não foi encaminhada uma política reparatória às vítimas, nem de responsabilização e punição dos perpetradores dos crimes”.

A trajetória do militante Zé Carlos foi relatada em livro do jornalista Samarone Lima, que foi ponto de partida para o filme , do cineasta Rafael Conde. Exibido nos festivais de Curitiba e Ouro Preto e no CineBH, o longa-metragem narra os últimos anos da vida de Zé Carlos e será exibido neste sábado (28), às 10h30, no Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte. A sessão faz parte da Semana Zé, organizada para lembrar os 50 anos da morte do militante.


Entenda o que prevê o projeto de lei que muda o ensino médio

Logo Agência Brasil

O governo federal encaminhou nesta semana ao Congresso Nacional projeto de lei com diretrizes para a Política Nacional de Ensino Médio, que propõe alterações no novo ensino médio.

O envio do projeto de lei ocorre após as mudanças no currículo dessa etapa de ensino terem sido criticadas por entidades, estudantes, professores e especialistas. O novo ensino médio foi aprovado em 2017 e começou a ser implementado nas escolas este ano.

Notícias relacionadas:

O projeto de lei vai passar por debates na Câmara e no Senado, quando pode ser modificado. Somente se aprovado pelos parlamentares e sancionado pelo presidente da República, entrará em vigor. Até lá, as escolas continuarão seguindo as regras válidas do novo ensino médio.

Veja abaixo o ensino médio atualmente e quais as mudanças previstas no projeto de lei:

Carga horária

Atualmente: As escolas devem destinar 1.800 horas anuais para as disciplinas obrigatórias comuns do ensino médio. A carga restante, de 1.200 horas, é para os itinerários formativos, áreas de conhecimentos ou curso técnico escolhidos pelos alunos.

O que prevê o projeto de lei: Retomada de, no mínimo, 2.400 horas anuais para as disciplinas obrigatórias sem integração com curso técnico. No caso de cursos técnicos, os estudantes poderão ter 2.100 horas de disciplinas básicas e, pelo menos, 800 horas de aulas técnicas.

Disciplinas obrigatórias

Atualmente: Língua portuguesa, matemática, educação física, arte, sociologia e filosofia são obrigatórias nos 3 anos do ensino médio.

O que prevê o projeto de lei: Tornam-se disciplinas obrigatórias em todo o ciclo do ensino médio: língua espanhola, história, geografia, química, física, biologia, matemática, língua portuguesa e língua inglesa.  

Itinerários formativos

Atualmente: O estudante pode escolher se aprofundar em determinada área do conhecimento dentro de cinco grupos: matemáticas, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e formação técnica, chamados itinerários formativos. O aluno pode optar por um ou mais itinerários. As escolas não são obrigadas a oferecer todos os itinerários, podem definir quais ofertarão.

O que prevê o projeto de lei: Revogação dos itinerários formativos e criação dos Percursos de Aprofundamento e Integração de Estudos, que vão combinar, no mínimo, três áreas do conhecimento. Cada escola terá que ofertar, pelo menos, dois percursos até o início do ano letivo de 2025. Outra proposta é a criação de parâmetros nacionais para os percursos para evitar desigualdades e desestímulo aos estudantes.

Educação à distância  

Atualmente:  Redes de ensino podem oferecer disciplinas da formação básica pela educação à distância.

O que prevê o projeto de lei: Vedação da oferta da Formação Geral Básica por meio da educação à distância. As aulas online seriam autorizadas apenas em situações excepcionais definidas pelo Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE).

Profissionais não licenciados

Atualmente: Profissionais com notório saber podem ser contratados para dar aulas sobre conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional. 

O que prevê o projeto de lei: Proíbe profissionais com notório saber de ministrar aulas. Serão definidas situações em que esses profissionais poderão atuar, excepcionalmente, na docência do ensino médio.  


Mega-Sena deve pagar neste sábado prêmio acumulado de R$ 90 milhões

Logo Agência Brasil

O concurso 2.650 da Mega-Sena, que será sorteado neste sábado (28) à noite em São Paulo, deverá pagar o prêmio de R$ 90 milhões a quem acertar as seis dezenas. O sorteio será às 20h, no Espaço da Sorte, na Avenida Paulista, em São Paulo.

O último concurso, na quinta-feira (26), não teve ganhador das seis dezenas. Foram sorteados os números 06 - 11 - 26 - 32 - 46 e 56.

Notícias relacionadas:

As apostas para o concurso de hoje podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

O jogo simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 5.


Fortaleza e LDU decidem título da Copa Sul-Americana

Logo Agência Brasil

Chegou a hora de conhecer o campeão da Copa Sul-Americana. Para isso, Fortaleza e LDU (Equador) medem forças, a partir das 17h (horário de Brasília) deste sábado (28) no Estádio Domingo Burgueño Miguel, em Maldonado (Uruguai). A equipe brasileira busca um título inédito da competição, enquanto os equatorianos jogam pelo bicampeonato (já levantou a taça em 2009). A Rádio Nacional transmite o confronto decisivo ao vivo.

Notícias relacionadas:

O Fortaleza chega confiante ao duelo. O elenco do Leão teve folga nesta semana, pois o jogo contra o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro foi adiado. No Brasileirão a equipe nordestina ocupa a 9ª colocação com 42 pontos.

Na campanha que o levou à final da Sul-Americana, o Fortaleza passou em primeiro no Grupo H, que contava com San Lorenzo (Argentina), Palestino (Chile) e Estudiantes de Mérida (Venezuela). No mata-mata a equipe brasileira deixou pelo caminho o paraguaio Libertad (oitavas), o América-MG (quartas) e o Corinthians (semifinais).

Agora o time nordestino procura fazer uma grande apresentação neste sábado para se sagrar campeão. E, em caso de título, alcançará um feito inédito, se tonará a primeira equipe Nordeste a conquistar um título internacional (em 1999 o CSA bateu na trave ao perder a final da Copa Conmebol para o argentino Talleres).

Definir os pilares do plantel tricolor pode ser uma tarefa difícil, pois a equipe inteira se ajuda dentro de campo. Porém, podem ser destacados os volantes Zé Welison e Caio Alexandre, o meia Yago Pikachu e os atacantes Thiago Galhardo, Marinho e Lucero. Os volantes ajudam muito na marcação e mantém intensidade e pegada no meio de campo. Pikachu cumpre mais uma temporada regular com a camisa do Leão do Pici. Thiago Galhardo tem jogado de meia, criando jogadas. Marinho, que chegou do Flamengo em junho, se mostrou decisivo e voltou a lembrar seu auge no Santos, quando foi eleito Rei da América durante sua participação na Libertadores. E no ataque o argentino Lucero reina absoluto, com 21 gols na temporada.

Em caso de sucesso, este será o maior título da história do Fortaleza. Entre as conquistas do clube se destacam o Campeonato Brasileiro Série B de 2018 e duas Copas do Nordeste, alcançadas em 2019 e em 2022.

Do outro lado do gramado estará uma LDU focada em trazer mais um título para o Equador. O atual campeão da Sul-Americana é do país, o Independiente Del Valle, que conquistou o título em 2022 ao bater o São Paulo na decisão. A equipe conta com velhos conhecidos do futebol brasileiro, como os centroavantes Paolo Guerrero e Jan Hurtado, além do meia Jhojan Julio.

O ponto forte da equipe equatoriana é a defesa. Nos últimos cinco jogos a LDU não foi vazada, tendo sofrido o último gol há mais de um mês. No Campeonato Equatoriano ocupa a 2ª colocação, um ponto atrás do líder Barcelona de Guayaquil.

A trajetória da LDU na Sul-Americana começou ainda na primeira fase, com vitória sobre o Delfín (Equador) por 4 a 0 e classificação para a fase de grupos. Assim, passou em primeiro no Grupo A, que tinha Botafogo, Magallanes (Chile) e César Vallejo (Peru). Nas oitavas de final tirou o Ñublense (Chile) nos pênaltis. Também nas penalidades máximas superou o São Paulo nas quartas de final. Nas semifinais conseguiu uma grande vitória por 3 a 0 sobre o Defensa y Justicia (Argentina) na ida e empatou em 0 a 0 na volta, assim se classificando para a final.

Transmissão da Rádio Nacional

A Rádio Nacional transmite a decisão entre Fortaleza e LDU com a narração de André Marques, comentários de Waldir Luiz, reportagem de Mauricio Costa e plantão de Rodrigo Campos. Você acompanha o Show de Bola Nacional aqui:

* Colaboração de Pedro Dabés (estagiário) sob supervisão de Paulo Garritano.


10/27/2023

População reconhece dificuldades enfrentadas pelos servidores públicos

Logo Agência Brasil

A falta de valorização e as dificuldades enfrentadas pelos servidores públicos são reconhecidas pela maioria da população brasileira. Os dados estão retratados em pesquisa realizada pelo DataFolha a pedido do Movimento Pessoas à Frente, divulgada na semana em que se comemora o Dia do Servidor Público, em 28 de outubro.  

Segundo a pesquisa, 83% dos brasileiros acreditam que os funcionários públicos poderiam oferecer mais para a população caso tivessem os meios necessários e apenas 18% acreditam que todos os funcionários públicos têm acesso a uma estrutura adequada para a prestação de bons serviços à população. 

Notícias relacionadas:

O levantamento reconhece que pessoas bem preparadas em cargos importantes de governo produzem impacto positivo em suas vidas, mas aponta que 74% dos entrevistados acreditam que todos ou a maioria dos funcionários públicos enfrentam dificuldades com chefes despreparados. Para 63% dos brasileiros, a minoria ou nenhum funcionário público é respeitado e valorizado pela população do país. 

Condições de trabalho

Para Clarissa Malinverni, membro da secretaria executiva do Movimento Pessoas à Frente, a pesquisa traz a percepção de que os servidores públicos precisam de apoio e condições de trabalho. “Não apenas de estrutura, de desenvolvimento, mas também de apoio de suas lideranças que precisariam ser melhor preparadas para que possam desempenhar melhor”. 

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, diz que os dados da pesquisa mostram que a população reconhece a importância dos servidores. 

“Fico feliz em ver esse resultado, porque mostra que a população está observando que se os servidores tiverem melhores condições de trabalho o produto que eles têm que entregar à população poderia ser de melhor qualidade. Isso é o que a gente afirma há um tempo, que é preciso dar melhores condições de trabalho para que o funcionalismo não fique em depressão, não seja assediado moralmente e para que ele cumpra com o seu dever, que é prestar o serviço de qualidade para a população brasileira”, diz. 

Outro dado apresentado é o de que 79% dos entrevistados afirmaram acreditar que a profissionalização do serviço público é importante para o combate à corrupção e 92% acreditam que os trabalhadores da gestão pública precisam de apoio, principalmente de suas lideranças e chefes, para se desenvolverem como profissionais e realizarem melhor seu trabalho. 

A pesquisa teve abrangência nacional e foi realizada com 2.025 pessoas, com idade a partir de 16 anos, entre os dias 11 e 18 de setembro. O estudo utilizou metodologia quantitativa através de entrevistas presenciais, em pontos de fluxo de pessoas nas ruas de cidades brasileiras. 

Diversidade

A maior parte da população brasileira (56%) acredita que o corpo de funcionários do Estado não é representativo da diversidade brasileira e não conhece os principais desafios da população. Outros 71% acreditam que a representatividade contribuiria para aumentar a legitimidade do funcionalismo público e seu grau de confiança.

Sobre a diversidade racial e de gênero, 86% dos entrevistados concordam que ações para promover e garantir igualdade de gênero no serviço público são importantes, número que chega a 89% quando a pergunta se refere à diversidade racial. Outros 90% dos entrevistados afirmaram acreditar que mais mulheres tornariam o serviço público melhor e 82% concordam que mais diversidade racial melhoraria o serviço no país.

“Cada vez mais a população quer se ver espelhada nas pessoas que estão tomando as decisões e implementando as políticas públicas”, avalia Clarissa.

Clarissa cita a necessidade de aprimorar a legislação que reserva cotas para negros nas vagas oferecidas nos concursos públicos, incluindo também os cargos de liderança. “Hoje a cota é para concurso, o que não inclui posição de lideranças, aí a gente tem um cenário que é muito masculino e branco nas posições de poder”, defende.  

Salários

A pesquisa também aponta a percepção da população sobre possíveis privilégios salariais dos funcionários públicos: 25% entrevistados acreditam que todos ou a maioria dos funcionários ganham acima do teto salarial, de R$ 41.650, mas 77% dos entrevistados admitem não conhecer este valor máximo que um funcionário público pode receber.

Segundo o secretário da Condsef, essa visão não condiz com a realidade. “Mais de 60% dos servidores ganham entre R$ 5 e R$ 6 mil. Mas martelam tanto que servidor público é privilegiado, que acaba gerando essa visão”, diz Silva, lembrando que alguns setores precisam de ajustes, como no Judiciário, que em alguns casos ganham acima do teto “de forma exorbitante”.  

Clarissa Malinverni também argumenta que uma pesquisa do Centro de Liderança Pública (CLP) mostrou que apenas 0,23% dos funcionários públicos do país têm rendimento efetivo superior ao teto do funcionalismo. “O privilégio de uma minoria inexpressiva acaba impactando a reputação e a imagem que a população tem dos servidores como um todo”, explica. 


Racismo afeta saúde desde o nascimento até a morte, diz especialista

Logo Agência Brasil

A população negra brasileira tem os piores indicadores relativos a emprego, renda, educação e participação política quando comparada ao grupo de pessoas brancas. Apresenta também índices desfavoráveis relacionados à vitimização pela violência. Quando são avaliadas as condições de saúde, mais uma vez os negros fica em posição desvantajosa, com piores incidências de determinados males e doenças. 

Dados do boletim Saúde da População Negra, apresentados na segunda-feira (23) pelos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial, confirmam que questões como mortalidade materna, acesso a exames pré-natais e doenças infectocontagiosas se mostram mais severas na população negra.

Notícias relacionadas:

No Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, celebrado em 27 de outubro, a Agência Brasil traz a avalição de especialistas que dedicam esforços profissionais e acadêmicos para a promoção da saúde deste grupo, que representa mais da metade da população do país. De acordo com o IBGE, 56% dos brasileiros se reconhecem como negros – somatório de pessoas pretas e pardas. 

Do nascimento à morte 

Brasília (DF) 25/10/2023 – Andrea Ferreira, pesquisadora da Associação de Pesquisa Lyaleta e Cidacs. Racismo afeta a saúde desde o nascimento até a morte. Foto: Fiocruz/Divulgação
Andrêa Ferreira: racismo é "determinante social estrutural que condiciona a vida da população negra". Foto: Fiocruz/Divulgação

Uma explicação para os dados considerados preocupantes é o racismo. Segundo Andrêa Ferreira, pesquisadora da Associação de Pesquisa Iyaleta, há várias evidências que colocam o racismo como "determinante social estrutural que condiciona a vida da população negra". Para ela, o preconceito acompanha essa população desde antes do nascimento até a forma pela qual morre. 

"Quando a gente olha os dados de mortalidade materna, a gente sabe que as taxas são maiores entre as mulheres negras. Quando a gente olha a mortalidade por causas externas, por exemplo, que inclui acidentes e por arma de fogo, ela se concentra na população negra. Então, o racismo faz todo esse percurso de interferir na possibilidade de nascer, crescer e viver", afirma a pesquisadora que também faz parte do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia.  

"O racismo condiciona a vida das pessoas negras em todas as suas fases, desde a possibilidade de terem um parto adequado, de nascerem vivas até a forma como morrem". 

Na avaliação da Andrêa, uma vez que a pessoa negra consegue romper barreiras que a afastam do serviço de saúde, começa outro problema. "Você tem um tratamento desigual quando a gente compara as pessoas brancas e as negras. Você tem o viés racial implícito, o preconceito e as discriminações pautando a forma como as pessoas negras são tratadas". A pesquisadora considera que essa forma de racismo prejudica a forma de acolhimento, tratamento, oferta de exames e, consequentemente, o diagnóstico de doenças. 

"Temos estudos que mostram como o racismo em suas manifestações retarda, por exemplo, o diagnóstico da sífilis gestacional no Brasil", cita.  

O estudo do Ministério da Saúde revela que 70% das crianças com sífilis congênita - transmitida para a criança durante a gestação - são filhas de mães negras. 

Para Andrêa, a pandemia de covid-19 foi uma prova de como o racismo atua como determinante social. "A pandemia foi clara em mostrar como o racismo estava ali, determinando quem seriam as pessoas que precisaram sair do isolamento social para trabalhar, que moravam em casas densamente povoadas, sem acesso à água e saneamento. Eram as pessoas negras", avalia. 

Racismo em todas as partes 

Lúcia Xavier é fundadora da organização não governamental (ONG) Criola, defensora dos direitos humanos de mulheres negras. Ela concorda que um dos fatores que fazem com que negros tenham piores índices de questões relativas à saúde se dá por uma forma de racismo no atendimento de saúde. Para ela, há “um conjunto de procedimentos feitos de forma inadequada”.  

"[A pessoa negra] recebe menos informação do que precisa. É atendida com rapidez quando precisa de um pouco mais de tempo para explicar, para reconhecer os problemas. As queixas não são admitidas como legítimas. Se ela acaba perdendo sua consulta, volta para o fim da fila de espera". 

Uma outra face do acolhimento e tratamento inadequados é, na avaliação de Lúcia, que a pessoa acaba sendo responsabilizada pelos problemas.  

“Qualquer agravo que ocorra, o primeiro responsável é ela. Se ela se infectou com dengue, é porque ela não cuidou da água parada. Se ela pegou covid-19, é porque não utilizou os mecanismos de proteção necessários para cuidar da sua saúde”, exemplifica.  

“Doença de negro” 

No país em que mais de 60% das mortes por aids são de negros – índice que era de 52% em 2011, Lúcia aponta que as doenças infectocontagiosas são também consequência dessa discriminação que acontece durante o que deveria ser um acolhimento.  

Brasília (DF) 25/10/2023 – Sandra da Silva, moradora da região metropolitana do Rio de Janeiro Racismo afeta a saúde desde o nascimento até a morte. Foto: Sandra da Silva/Arquivo Pessoal
Sandra da Silva, moradora da região metropolitana do Rio de Janeiro   Foto: Arquivo Pessoal

“As doenças infectocontagiosas são resultado das condições sociais e pioram porque o sistema não é capaz de olhar essa situação sem discriminar. Quando se trata de doenças sexualmente transmissíveis ou tuberculose ou agravos dessa natureza, sempre se responsabiliza o sujeito pelo fato de ele ter contraído aquele agravo”.  

A fundadora da organização Criola identifica que, por causa da alta incidência, algumas doenças acabam ficando marcadas como sendo “doenças de negros”.

“Muitas das doenças que a população negra enfrenta passam a ser compreendidas, praticamente, como uma doença marcada por essa experiência de ser negro, quer seja a pressão alta, a mortalidade materna, quer seja a tuberculose, por exemplo”. 

Lúcia Xavier acredita que há uma forma de racismo quando se tratam também de condições genéticas, como no caso da doença falciforme, que afeta mais pessoas negras.  

“O modo de atender, de cuidar, de preservar essa vida anda lentamente. Não é trabalhado com tanta avidez, com tanta capacidade para atender esse grupo. A doença falciforme é também muito simbólica em termos do racismo institucional”. 

Barreiras à universalização 

A pesquisadora Ionara Magalhães de Souza, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), também aponta o elemento racismo como um dos fatores que responsáveis pelos indicadores desfavoráveis da saúde da população negra.

 

Brasília (DF) 25/10/2023 – Ionara Magalhães de Souza, professora da UFRB, Integrante do GT Racismo e Saúde da Abrasco Racismo afeta a saúde desde o nascimento até a morte. Foto: Ionara Magalhães/Arquivo Pessoal
Ionara Magalhães de Souza, professora da UFRB, Integrante do GT Racismo e Saúde da Abrasco. Foto:  Ionara Magalhães/Arquivo Pessoa

“Branquitude, racismo e, consequentemente, as profundas iniquidades sociais que produzem barragens políticas e estruturais que dificultam a universalidade do acesso à saúde respondem pela interdição da população negra no acesso aos direitos e fundamentam o nosso fazer saúde”, diz a integrante do grupo de trabalho Racismo e Saúde, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). 

As consequências, segundo ela, são “impactos negativos na qualidade da assistência, prevenção, diagnóstico (geralmente tardio), dificuldade de tratamento e acesso à informação e comunicação, incidindo nos piores desfechos em saúde”. 

Ionara defende que uma política para a saúde da população negra produza dados e indicadores de saúde sob perspectiva étnico-racial. Além disso, entende que é preciso “investir em instrumentos metodológicos de avaliação da qualidade da atenção à saúde da população negra e desenvolver práticas antirracistas, antidiscriminatórias e equânimes nas relações e cotidiano das instituições”. 

Fator renda 

Além do racismo, como apontaram as especialistas, questões sociais relacionadas a renda são outra barreira para o acompanhamento da saúde da população negra. Sandra da Silva  de 51 anos, trabalha como banhista em um estabelecimento de banho e tosa. Moradora de Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio de Janeiro, ela trabalha também à noite, como ajudante de cozinha.  

Com o tempo sempre corrido, precisa buscar alternativas para fazer exames como mamografia e preventivos ginecológicos. Sem plano de saúde, este ano ela conseguiu fazer os exames em uma das unidades móveis do Sesc Saúde Mulher, que presta atendimento de graça a mulheres de 50 e 69 anos, faixa etária em que há maior propensão ao câncer de mama. 

“Quando eu não consigo pelo serviço público, eu me esforço para juntar o valor e conseguir fazer. Foi importante [ter conseguido pelo Sesc Saúde Mulher] pela questão de disponibilidade de horário e custo”, diz.  

Com os exames em mãos, há ainda a dificuldade de marcar um médico no sistema público. “As consultas são marcadas, mas o prazo de espera é de um a dois meses”, explica. “Se eu não conseguir marcar um ginecologista no público, vou precisar ir a uma consulta particular para não perder a validade dos exames”, completa. 

Políticas públicas 

Durante a divulgação do boletim epidemiológico Saúde da População Negra, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que combater o racismo é a agenda do desenvolvimento sustentável, da equidade. “Essa pauta deve ser uma perspectiva e não um tema isolado, para que todas as ações do Ministério da Saúde, do Mais Médicos ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde, a dimensão étnico-racial seja, de fato, vista como determinante social da saúde". 

O Ministério da Igualdade Racial informou à Agência Brasil que “está em articulação para fortalecer a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”.  

“Dentre os compromissos assumidos pela política, cabe destacar o aprimoramento do registro do quesito raça/cor nos sistemas de informação do Sistema Único de Saúde, da atenção prestada, inclusive enfrentando o racismo institucional e adequando a assistência aos problemas de saúde mais prevalentes na população negra, que incluem, dentre outros, a anemia falciforme, diabetes mellitus, hipertensão arterial, deficiência de glicose-6-fosfato e as doenças infecciosas”, afirmou em nota.  


Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

Logo Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal paga nesta sexta-feira (27) a parcela de outubro do novo Bolsa Família aos beneficiários com número de inscrição social (NIS) de final 8. Neste mês, o benefício terá um adicional para mães de bebês de até seis meses de idade.

Chamado de Benefício Variável Familiar Nutriz, o adicional corresponde a seis parcelas de R$ 50 para garantir a alimentação da criança. Com o novo acréscimo, que destinará R$ 14 milhões a 287 mil mães neste mês, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome informa que está concluída a implementação do novo Bolsa Família.

Notícias relacionadas:

Além do novo adicional, o Bolsa Família paga um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a famílias com crianças de até 6 anos.

O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 688,97. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do governo federal alcançará 21,45 milhões de famílias, com gasto de R$ 14,67 bilhões.

Desde julho, passa a valer a integração dos dados do Bolsa Família com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Com base no cruzamento de informações, 297,4 mil famílias foram canceladas do programa em outubro por terem renda acima das regras estabelecidas pelo Bolsa Família. O cadastro conta com mais de 80 bilhões de registros administrativos referentes a renda, vínculos de emprego formal e benefícios previdenciários e assistenciais pagos pelo INSS.

Em compensação, outras 241,7 mil famílias foram incluídas no programa em outubro. A inclusão foi possível por causa da política de busca ativa, baseada na reestruturação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e que se concentra nas pessoas mais vulneráveis que têm direito ao complemento de renda, mas não recebem o benefício. Desde março, 2,39 milhões de famílias passaram a fazer parte do Bolsa Família.

Regra de proteção

Cerca de 1,97 milhão de famílias estão na regra de proteção em outubro. Em vigor desde junho, essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até dois anos, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 374,80.

Parcelas desbloqueadas

Neste mês, o programa tem outra novidade. Famílias com parcelas desbloqueadas não precisam mais ir a uma agência para sacar os valores acumulados. Eles passam a ser creditados automaticamente na conta bancária do beneficiário.

Com a medida, serão liberadas 700 mil parcelas retroativas resultando em cerca de R$ 278 milhões desbloqueados. Os beneficiários conseguem visualizar a informação da liberação do valor por meio dos aplicativos do Bolsa Família e Caixa Tem.

Reestruturação

Desde o início do ano, o programa social voltou a se chamar Bolsa Família. O valor mínimo de R$ 600 foi garantido após a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que permitiu o gasto de até R$ 145 bilhões fora do teto de gastos neste ano, dos quais R$ 70 bilhões estão destinados a custear o benefício.

O pagamento do adicional de R$ 150 começou em março, após o governo fazer um pente-fino no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), para eliminar fraudes.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

 

Calendário do Bolsa Família
Calendário do Bolsa Família - Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Auxílio Gás

O Auxílio Gás também será pago nesta sexta-feira às famílias cadastradas no CadÚnico, com NIS final 8. O valor caiu para R$ 106, por causa das reduções recentes no preço do botijão.

Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia cerca de 5,3 milhões de famílias. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição e da medida provisória do Novo Bolsa Família, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg até o fim do ano.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.